Bom, agora é que vão mesmo achar que nós é só comer. E confesso, que assim foi. O tempo não prometia passeio, apesar de andarmos a planear algumas incursões em Lisboa e fora dela há bastante tempo, mas também não queremos ficar por casa, por isso lá nos desafiámos uns aos outros e voltámos ao Pão de Canela.
Este post estava prometido há muito. Esteve para ser o primeiro. O Pão de Canela é até à data o Brunch a que somos mais fieis, e como tal merecia que o mencionássemos.
Fomos lá parar a primeira vez por acidente. Andávamos nós a passear pelas subidas e descidas que ligam o Rato e o Príncipe Real a São Bento, em busca de pequenas descobertas daquelas que se calhar já todos conhecem mas nós não, num dia em que nos dedicámos ao chocolate (sim, sim... é só comida, mas pelo menos sempre fazemos percursos maiores que da sala para a cozinha), vínhamos de experimentar algumas maravilhas chocolateiras de aroma a São Tomé na loja Claudio Corallo e descendo fomos parar à Praça das Flores.
Praça das Flores - Clique para Ampliar |
Em boa altura o fizemos. Confesso que já por ali passara inúmeras vezes de carro, e ao recanto sempre lhe disse que um dia lá me apresentaria, falhando sempre a promessa. Nesse dia cheguei a pé e não tinha mais desculpas porque a Praça é realmente chamativa. Viva e ao mesmo tempo tranquila. Verde. Sabe a água fresca no pico do Verão e cabemos lá todos: os mais novos e os mais velhos. Os casados e os solteiros. Os que têm filhos, os que têm bichos e os que têm ambos ou nenhuns.
Uma das arestas da Praça encontra-se ocupada pelo Pão de Canela. Duas portas para dois tipos de serviço (ou assim parece) e esplanada em estrado de madeira com toldo. Aqui vêm-se chegar desde actores conhecidos da nossa urbe a antigos presidentes de câmara, de acelera, capacete e cigarro no canto da boca. Chega também o movimento do Brunch, do qual somos militantes.
O Pão de Canela não tem traços decorativos notáveis, nem precisa, tal é a envolvente. Basta-lhe ser acolhedor ( seria óptimo se fosse mais confortável e tranquilo - muita gente conhece o sítio...), ou basta-lhe ter grande variedade e um preço razoável, mais baixo que a maioria.
Por alguma destas razões há sempre gente à espera de lugar.
O conteúdo do Brunch não tem nada que individualmente o distinga de outros:
das 10.00 às 16.00, há um buffet com ovos mexidos, bacon, salsichas (com ervas, pequenas e boas), baked beans -"very british" (feijão cozinhado com uma espécie de Ketchup), espargos, iogurtes, cereais, pão, croissants, scones, queijo fresco, salmão fumado e salada de frutas, vários salgados (recheados com imensas iguarias, como ricotta e espinafres, ou frango) e vários doces. É dificil resistir a trazer mais um bolinho ou dois a cada investida, e eu nem sou um amante de bolos....
O preço é fixo - 9,90€ - há já algum tempo, e inclui bebidas, café, chá, chocolate. Os quentes não são divinos, já que são feitos em quantidade (não a pedido) e mantidos quentes em travessas como as de cantina ou hotel, mas são agradáveis.
Há alguma variedade de pão, os croissants e os salgados não são maus. Os sumos são vários, mas não vimos nenhum que fosse natural.
Gostámos das rodelas de tomate com mozarella, das salsichas e dos doces. Aceitámos tudo o resto.
Canelinha - Clique para ampliar |
Para quem chega com os miúdos e quer ter um brunch tranquilo (e permitir que os outros clientes também o tenham), o Pão de Canela criou a Canelinha, uma pequena e pitoresca casa junto ao estabelecimento, 2 pequenos pisos, minúsculos, com tudo preparado para dar um bom momento às crianças.
A Praça tem parque infantil a céu aberto, pelo que esta ideia serviu de complemento perfeito, sendo ainda mais útil quando caem uns chuviscos.
É bom ver que ainda há quem tenha ideias que nos fazem sentir que há cuidado com o cliente, que o proprietário não tem em mente apenas mais uns euros (lá estará alguém agora a acenar com "estratégias de fidelização num mercado competitivo") - destas venham elas, se não se pagarem.
Clique para Ampliar |
Ao que li, mas ainda não experimentámos, o Pão de Canela criou também um serviço de estacionamento gratuito de 6 lugares, a 50 metros do local.
Bastará telefonar à chegada para abrirem o portão e caso o parque já esteja lotado há outra alternativa, que funciona todos os dias: uma carrinha VW, parecida com a dos Perdidos, daquelas tipo pão de forma, que vai buscar os clientes a um dos parques de estacionamento das redondezas.
Embora ainda não tivéssemos experimentado as alternativas ao Brunch (a carta promete, e como tal prometemos a nós mesmos lá voltar), se fosse apenas pela qualidade do Brunch talvez não fossemos tantas vezes ali parar, nem tanta de gente que ali vai. Mas a variedade,o interesse em oferecer serviços adicionais ao cliente, para que este usufrua do principal, a envolvente e a relação qualidade-preço faz com que seja uma aposta ganha. Porque, como também já li a respeito, não se trata ali de re-inventar a roda, mas de a fazer rodar bem. E isso está plenamente conseguido.
Leva-nos a pensar se a diferença de preço de concorrentes com qualidade superior e maior elaboração de acepipes se justifica... E na maior parte das vezes pagar +50% ou +100% não se justifica. Por isso vão muitos mais ali e não a outros. O Brunch consegue ser momentaneamente um galinha dos ovos de ouro para muito estabelecimento. Há que aprender com o passado a não matar estas raras galinhas. ;-)
Informação:
Pastelaria e Restaurante Pão de Canela
Telf: 213 97 22 20
Fax: 213 94 27 99
Morada: Praça das Flores, N.ºs 25 a 29, 1200-192 Lisboa
Telf: 213 97 22 20
Fax: 213 94 27 99
Morada: Praça das Flores, N.ºs 25 a 29, 1200-192 Lisboa